Luta, esperança, solidariedade e amor marcam o dia 29
A presidenta Dilma Rousseff não estava só durante sua defesa realizada no Senado Federal nessa segunda-feira (29/8). Junto com ela, milhares de brasileiros e brasileiras, vindos de diversos estados do País, denunciavam, desde cedo na capital federal, o golpe parlamentar em curso que coloca em risco os direitos e a democracia. Para mostrar força, essa militância aguerrida, formada por trabalhadores do campo e da cidade, dirigentes e integrantes de movimentos sociais, estudantil e sindical, organizados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, realizaram por volta das 16h30 marcha que saiu do estacionamento do Ginásio Nilson Nelson, onde é realizado o Acampamento pela Democracia, até o Senado.
A movimentação contra o golpe e em defesa da democracia começou cedo. Logo nas primeiras horas da manhã dessa segunda, caravanas de trabalhadores dos quatro cantos do Brasil chegavam a todo momento para engrossar a mobilização contra o governo interino e ilegítimo de Michel Temer.
Durante todo o percurso da marcha, era visível a alegria e a determinação de lutar por um Brasil que avance em políticas sociais e que tenha sempre a esperança de melhorar, independente do resultado do processo ilegítimo e imoral de impeachment aberto pelo gângster e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, contra Dilma. Foi um dia histórico para todos trabalhadores e trabalhadoras que acompanharam de perto a defesa da presidenta eleita democraticamente com mais de 54 milhões de votos.
Conscientes da falta de representatividade do povo dentro do Senado e da quantidade elevada de golpistas declarados que ocupam o cargo de parlamentar, os trabalhadores se aglomeraram em frente ao Congresso e lá ficaram até entrar a noite, como forma de mostrar solidariedade à mulher que afirmou em plenário: “Não esperem de mim o silêncio obsequioso dos covardes.”
“A história não termina aqui. Agora é o momento de unificar ainda mais as bases, mobilizar os trabalhadores do campo e da cidade, das empresas públicas e privadas para juntos defendermos nosso presente e, principalmente, nosso futuro”, afirmou o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
Acampamento
Mesmo com certo grau de apreensão, já que ventos ditatoriais rondam o País, o Acampamento pela Democracia mostrou que a solidariedade, a alegria, o amor, a esperança, a determinação são a marca do povo aguerrido brasileiro.
Pessoas de todas as idades, raças, credos, orientação sexual e de diversas categorias de trabalhadores compartilharam histórias e gritaram “Fora Temer” no local que casou luta à musica, literatura, artesanato e outras manifestações culturais.
No Acampamento pela Democracia, doações de alimentos, agasalhos, colchões e barracas chegavam a todo instante. “Trouxe o que pude e ainda pedi ajuda dos meus vizinhos. Acredito que é importante colaborar e garantir um pouco de conforto para meus companheiros que estão aqui na luta”, afirma a estudante Luana Santos.
Nas barracas onde eram armazenados os donativos, disposição para preparar a comida caprichada feita pelas mesmas mãos dos que empunham bandeiras em defesa dos direitos e da democracia. É o caso de dona Maria do Carmo Nascimento, trabalhadora do campo, filiada à Federação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – Fetraf-Brasil.
“Sou moradora da área rural aqui no DF e o que motiva estar aqui hoje é o amor e a esperança de uma vida melhor. Eu e minhas companheiras começamos a esquentar as panelas na cozinha bem cedinho, para dar tempo de todo mundo se alimentar. São três refeições feitas com muito amor. Os movimentos se ajudam, e se faltar um pouquinho aqui outro ali, cada um contribui com o que pode. E assim seguimos resistindo e lutando. A gente não vai permitir que esse governo roube os nossos direitos. Foram necessários anos de luta sindical para garantir o que temos hoje e, por isso, vamos lutar até o fim.”
Já Marivaldo Caetano, trabalhador rodoviário da Bahia, viajou mais de 20 horas de ônibus até a capital para defender seus direitos.
“Vim em defesa da democracia e, independente do rumo que o Brasil vai tomar daqui para frente, eu estarei firme junto à CUT e ao meu sindicato. Venho de família militante, cresci escutando as histórias de meu pai sobre a ditadura e o tempo em que milhares de pessoas se sacrificaram para que hoje pudéssemos lutar pelo que acreditamos. Faremos o que for preciso para defender os direitos dos trabalhadores e de toda população brasileira.”
Fonte: CUT Brasília